segunda-feira, 5 de julho de 2010

Esvaziamento do Centro


Os núcleos centrais das grandes cidades desenhados a muito tempo não evoluiram e nem sofreram as mesmas transformações urbanas que acompanhamos. As ruas, em geral, são aquém do tráfego que comportam, há problemas de estacionamento, e grandes grupos terminam optando por melhores localizados. Em Juazeiro do Norte não é diferente, os dois shoppings são/ serão construídos fora do centro, grandes supermercados, e lojas já fazem opção por grandes avenidas - verdadeiros corredores comerciais. Visualizamos em nossa cidade alguns corredores comerciais em potencial: Avenida Padre Cícero, Avenida Leão Sampaio, Avenida Ailton Gomes, Avenida Castelo Branco, e Avenida Humberto Bezerra. Além da vocação comercial do Bairro Pirajá, a Lagoa Seca também tende a ser um local aglutinador de serviços.

Achamos que o centro de Juazeiro do Norte deve passar por processo de revitalização com a preservação de prédios históricos, recuperação de fachadas, abertura de avenidas (alargamento da Avenida Padre Cícero - trecho Leão XIII- Rua do Brejo, e abertura de avenida entre a Praça José Geraldo da Cruz e a Avenida Floro Bartolomeu através de alargamento das ruas São Domingos e Rua da Glória), alargamento da Rua Carlos Gomes e abertura até a Rua São Paulo com a criação de uma Praça e um portal entre a atual praça Dirceu de Figueiredo e esta que estamos propondo. Ainda propomos o fechamento ao trafégo de veículos de algumas ruas, e a abertura de um Pólo Gastronômico, cuidados especiais com a iluminação. Assim achamos que embora não preservemos a função comercial do bairro, podemos transformar num centro aglutinador de serviços e lazer. Também seria oportuno a retirada da feira de hortifrutigrangeiros e a formação de novos centros de abastecimentos com mercados e pátios para feiras livres em áreas estratégicas nas mais diversas regiões da cidade.

Missas da Capela do Socorro e da Basílica de Nossa Senhora das Dores com menos gente. Escola Padre Cícero e Ginásio Municipal Dr. Antônio Xavier de Oliveira desativados por falta de alunos. Centro Educacional Professor Moreira de Sousa com menos salas de aula. Praça Padre Cícero com pequeno fluxo de pessoas. Este é o quadro em que hoje se encontram os bairros centrais de Juazeiro do Norte, especialmente o Centro, o Socorro e o São Miguel. Fenômeno, bastante desanimador, não é comum só a esta cidade. Na verdade, está acontecendo em muitas cidades, notadamente nas capitais. Em Juazeiro tem esta explicação: as escolas localizadas naqueles bairros fecharam ou tiveram seu número de alunos reduzido porque muitas famílias se mudaram, e as que ficaram não têm filhos ou não os têm em idade escolar. Muitas casas de família foram transformadas em estabelecimentos comerciais, principalmente ranchos de romeiros e clínicas médicas. Isso também serve para explicar a diminuição no número de fieis nas igrejas citadas acima e na Praça Padre Cícero. E não é mais possível inverter essa situação. Isto é resultado das transformações provocadas pelo progresso. No começo das civilizações, era muito comum as pessoas residirem próximas aos centros comerciais, às igrejas, às praças e às escolas. Em muitos locais capitais, por exemplo - a construção dos shoppings fora do centro comercial, contribuiu para que o centro se esvaziasse, tendo, portanto, pouco fluxo de pessoas. Na década de 60 e até mesmo 70 fazia gosto se andar à noite na Praça Padre Cícero. Era lá o point principal da cidade. No banco dos velhos, cidadãos influentes da cidade ali passavam horas e horas discutindo política, economia ou até mesmo fofocando. Nos bancos da periferia, geralmente menos iluminados, casais apaixonados namoravam e quem não tinha namorada ou namorado desfilava na esperança de encontrar algum. Na mesma época, também fazia gosto descer pela Rua São Pedro, especialmente nos dois quarteirões mais próximos da Praça Padre Cícero, para ver as bonitas vitrines das Pernambucanas, Gilson Magazine, Livraria Mascote, Casa Morais e tantas outras lojas famosas que hoje não existem mais. Na Praça Padre Cícero acontece hoje um caso muito esquisito: há bastante gente no lado que fica para a Rua Padre Cícero, porém o espetáculo proporcionado é deprimente, pois aquele outrora tão aprazível logradouro público, agora é um mercado especializado na venda de espetinho de carne de procedência higiênica duvidosa. Isto sem dúvida afugentou as poucas famílias que ainda freqüentavam aquela praça. É claro que fazer a Praça Padre Cícero voltar ao seu tempo de glamour é impossível. Mas é possível transformá-la em um local mais aprazível, com toda sua extensão destinada para as pessoas fazerem o que se faz em praça, ou seja, passear! Eis aí uma coisa para ser pensada por ocasião do Centenário de Juazeiro.

Fonte: Juaonline

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