Trafegar no interior do Cemitério do Socorro para localizar túmulos ou sepultar entes queridos é um verdadeiro desafio. As vias de circulação interna entre os cerca de cinco mil túmulos estão obstruídas por conta do sepultamento de corpos em lugares indevidos a ponto de preencher os espaços destinados as locomoções. O Coordenador do Cemitério, Raimundo Mailson de Souza, reconhece o problema e liga ao fato de ter sido o primeiro campo santo de Juazeiro do Norte.
Historicamente, segundo ele, não houve uma preocupação com o planejamento pensando no futuro e, hoje, como define, "pagamos um preço caro por isso". Baseado em estudos que fez, Mailson aponta que 65% das pessoas adotam a opção por ter o corpo sepultado no centro de Juazeiro e perto do túmulo de Padre Cícero que é o Cemitério do Socorro aonde cerca de 700 cadáveres são sepultados por ano. Quem não dispuser de jazigo no local não pode sepultar entes queridos.
Essa informação do coordenador é lógica, mas a tentativa de "driblar" a determinação é, conforme acrescentou, um problema grave. "Pessoas que tem túmulos, cedem, por exemplo, a um vizinho quando morre. Muitas vezes precisa imediatamente e como fica?", indaga o gestor do cemitério. A única solução encontrada por Mailson para desobstruir as vias foi transformada em um anteprojeto que ele fará chegar às mãos do prefeito Manoel Santana nesta quarta-feira.
Conforme adiantou, será a desapropriação de nove casas que ficam ao lado em nome da criação de um cemitério vertical em uma área de 560 metros quadrados. A idéia é reservar cerca de 800 gavetas e destiná-las para receber os restos mortais de pessoas que foram sepultadas em locais indevidos obstruindo as vias internas do cemitério. Fora disso, Mailson diz não enxergar outra saída. Ele aproveita para destacar que tem procurado cuidar bem da limpeza e da iluminação do cemitério "e as queixas diminuíram".
Fonte: Miséria
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